estou mesmo a deixar de gostar do que dantes adorava. dantes adorava estar em casa sozinha, escrever, comer o que me apetece, ir lá fora e descontrair, dar mimos ao afonso, tocar piano, ler muito, ver tv. agora, simplesmente não me apetece fazer nada. começo a fazer várias coisas e dou por mim sem qualquer interesse por aquilo que estou a fazer. dou por mim, então, sentada a olhar para o vazio, a fazer nada. fazer nada tornou-se a minha vida. e o pior é que foi opção minha, porque deixei de gostar do que dantes adorava. pequenas coisas que me faziam feliz para o resto do dia. agora, tenho a sensação que espero e espero por algo que não sei o que é. tenho a sensação de impotência, de inutilidade. sempre quis dar algo ao mundo, dar algo a alguém, não em particular, mas alguém. ajudar alguém partilhando as minhas histórias; queria que se identificassem comigo e que soubessem que iam sobreviver porque eu também sobrevivi. deixar aqui algo meu, as minhas ideias. mas agora acho que o mundo já está suficientemente cheio de ideias. as ideias dos outros, os loucos por amor, encheram o mundo. e quem sou eu para submeter as minhas ideias, agora que o mundo está cheio? não são precisos mais loucos por amor. não são precisas mais história sobre amor. e é tudo o que eu tenho a dar, sou uma louca de amor e só tenho histórias, milhares de história, todas trágicas, onde no fim sobrevivem todos embora morram para o mundo. porque, infelizmente ou não, a minha vida resumiu-se a isso. e agora perdi o interesse. o que restará?

Sem comentários:

Enviar um comentário