às vezes tenho tantas saudades tuas que te vejo em qualquer pessoa que passe por mim na rua. uma voz, um movimento, um objecto, uma cor, uma textura, um olhar, umas mãos, um cartaz, o vento. por vezes, os teus tantos e ínfimos pormenores, que todos juntos faziam de ti a pessoa que amei, encontram-se espalhados pelas ruas onde ando. a saudade atrai todos esses pormenores e olho-os todos quase em simultâneo. por isso, caminhas por aquelas ruas. caminhas, lenta e docilmente, observando-me de todos os ângulos, deixando armadilhas onde eu caio. caminhas por lá e eu não tenho forma de fugir. por isso, controlo a respiração e torno o meu passo regular. já não há nada a fazer. tu estás lá e eu também. estamos sozinhos. mas estou sozinha contigo. embora seja tudo fruto da minha imaginação.

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