já não há nada a acrescentar. já não há mais nada a ouvir. já não há mais nada a observar. já não há mais nada a prever. já não há mais nada a medir. já não há mais nada a temer. já não há mais nada a escrever. esgotei as palavras, os sorrisos, as lágrimas, as músicas, as paisagens, a minha sanidade. resta-me ficar estagnada no vácuo. mas não consigo. quero mover-me. juro que quero mover os dedos das mãos, devagarinho; tentar pôr-me de pé, devagarinho; olhar em frente, devagarinho, e sorrir, devagarinho, para não doer demais. mas já não há espaço, nem vácuo, nem tempo, nem universo. já não há nada e não me consigo mover. estou a sufocar porque não me consigo mover. e mesmo que me pudesse mover, meu amor, não seria na tua direcção. então, de que me serviria?
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