Estar apaixonado é uma corrente imensa. É a forma mais irredutível de se estar acorrentado. É uma maneira de se estar preso e de se tirar partido disso. Antes de me apaixonar por ti, aprendi a ser livre e forte e independente - ainda que fosse apenas uma máscara necessária para evitar o mundo e as pessoas. Agora, voltei a ser fraca e vulnerável e a pôr o teu bem-estar e a tua vontade e os teus gostos acima dos meus. Prometi-me que nunca mais o faria. No entanto, é inevitável. Quem ama, rende-se às evidências. E eu nunca prometi que não voltaria a amar, daí ter de me render às evidência porque eu, de facto, quero render-me às evidências. Quero render-me a ti, meu querido. Se amar-te faz de mim uma pessoa dependente, assim seja. Sei que, ao fim-do-dia, estares lá, deitado na cama a olhar para mim enquanto eu fumo o meu cigarro, em silêncio. Delicadamente, pedir-me-ás para me deitar ao pé de ti, fazer-me-ás uma massagem e depois adormeceremos comigo a fazer-te festinhas nas costas largas, na barba por fazer, nas sobrancelhas desarrumadas. Enquanto eu te tiver assim, desta forma, serei fraca e vulnerável, porque quero, porque é uma escolha, irredutível e incondicional.

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