"O amor é fodido. Hei-de acreditar sempre nisto. Onde quer que haja amor, ele acabará, mais tarde ou mais cedo, por ser fodido. É melhor do que morrer. Há coisas, como o álcool e os livros, que continuam boas. A morte é mais aborrecida. Por que é que fodemos o amor? Porque não resistimos. É do mal que nos faz. Parece estar mesmo a pedir. De resto, ninguém suporta viver um amor que não esteja pelo menos parcialmente fodido. Tem de haver escombros. Tem de haver esperança. Tem de haver progresso para pior e desejo de regresso a um tempo mais feliz. Um amor só um bocado fodido pode ser a coisa mais bonita deste mundo."
"O amor é fodido. Nunca sabemos se estamos a dar ou a receber." (E é esse o fascínio em todo processo.)
"Não gosto quando dizes que gostas de mim. Gosto muito de ti. Foi o que disseste. Foi gostar o verbo que empregaste. E eu não tive coragem de fugir de ti naquele momento e explicar-te que como tu gostavas de mim, eu também gostava de ananás, de sair à noite, de comprar azulejos aos antiquários."
"Foi um amor enorme. E tinha de acabar mal. De preferência, com a nossa própria morte."
"Os momentos mais felizes das nossas vidas são intervalos como estes, travessias entre um quarto e outro. O fundo dos corredores, dos hotéis estranhos, o número do nosso quarto, o empregado esquisito, como aquele sentado em cima duma toalha castanha onde ia assoando o nariz. O nosso quarto tinha espelhos dos dois lados, produzindo uma sensação de infinito. Nem eu nem tu, acenando como parvos para a nossa reflexão, desaparecíamos. Foi alívio. A música nunca vem de onde se espera. Por estas e por outras estarás sempre eu contigo e tigo com mim."
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