Sinto-me uma parede. Estou lá, sirvo para te apoiares em mim, depois vais para outra casa e é como se eu nem uma parede fosse. Acho que no fundo o que recebemos deve ser retribuído. Dás-me muito, é verdade. Mas há coisas que não tolero - deixares-me preocupadíssima e nem te lembrares de falar comigo, dizeres que chegaste a casa, tendo em conta as circunstâncias. Define as tuas prioridades. Se quando entras em casa é como se eu não existisse, então que seja. Mas eu não permito continuar a preocupar-me contigo desta forma e tu não fazes de mim parva mais nenhuma vez. Eu avisei-te que não posso sentir que dou mais do que recebo. Tenho de sentir que dou a quantia que recebo. E não sinto isso. Achei de uma tremenda falta de respeito da tua parte e de uma extrema burrice da minha, por ainda me preocupar contigo - tendo em conta que tu nunca te preocupaste comigo assim, nunca me perguntaste se cheguei bem a casa, e eu todos os dias te digo "diz-me quando chegares". É uma coisa pequena, mas faz-me sentir mal. Não é justo, não é recíproco. Não é que sejas mau, não é nada disso. As tuas atitudes fazem-me sentir rebaixada, e eu posso sentir-me tudo, menos rebaixada. Eu não sou uma parede, nem um objecto. Lamento, eu dou muito de mim, eu sou capaz de não dormir se não souber que estás bem. Enquanto que tu, és capaz de ver séries, jogar jogos e adormecer e durante esse tempo todo não te questionares se está tudo bem comigo. Essa é a diferença. Para ti, pode não ser nada. Para mim, é suficiente. Neste momento, às 4 da manhã, não te posso ver nem morto. Pode ser que passe.
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