estou cansada. terrivelmente cansada. não tenho tempo para pensar, para reflectir, para decidir, para mudar. não tenho tempo nem paciência. a verdade é que a escola e esta rotina tira-me a vontade, o empenho, a força. acordar todos os dias tira-me a força para tudo. só tenho força para dormir, é tudo o que quero fazer. dormir é bom. acordar a meio da noite com arrepios de prazer porque estou na minha posição preferida, porque vou entrar no meu mundo, um mundo tal como eu o quero. posso controlar o que sonho, posso sonhar o que quiser. e quando acordo sei sempre o que sonhei, sei mais do sonhos do que da realidade. a realidade é desinteressante, nada apelativa. os sonhos são magníficos, pacíficos. cansativos, é certo. mas são sonhos. sou eu que os crio. a maior parte são terríveis, cansativos, repetitivos, eu a ser perseguida, eu a conversa com pessoas e tudo a ficar em câmara-lenta e eu a perceber que é um sonho. mas o melhor é dizer para mim própria: vou aproveitar o sonho porque é meu, ninguém me pode criticar, nem me pode desmentir, ninguém me pode abandonar aqui. não. nunca me abandonaste nos meus sonhos porque eu não quis. porque eu controlei. porque teve de o ser. porque me abadonaste na realidade. na inútil realidade. todos os dias vivo a pensar: tu aguentas, falta pouco para ires para casa, despachares as tarefas fingindo que estás empenhada como uma pessoa normal e depois vais para a cama.
anseio deveras adormecer, esta noite.
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