Eu amo-te, é verdade. E sei que me amas, reciprocamente. Mas não deixo de estar assustada.
Eu "amei"-o durante muito tempo. Não me deixei apaixonar por outras pessoas nem me envolvi com outras pessoas, porque, embora não o fosse, sentia-me comprometida com ele. Guardei tudo de mim para ele, dei-lhe o que tinha e não tinha, mudei por ele, mudei-me para que ele olhasse para mim e me quisesse, ainda que só um bocado. Perdi-me durante muito tempo. Não sei por onde andei, não sei o que tinha na cabeça, não sei como consegui suportar-me a mim própria. Fui uma idiota. Deixei-me ir para onde ele queria e fui quem ele entendia que eu devia ser. Durante muito tempo - demasiado tempo.
Eu amo-te, mas não deixo de ter medo de o dizer. Não tenho medo de o sentir, mas tenho medo de o dizer. Tu sabes que é verdade e tu sabes que eu o quero dizer a toda a hora, porque, de facto, o que eu sinto não encaixa em "adoro-te" nem "gosto de ti", mas sim em "amo-te".
Mas, para isso, terei de ficar vulnerável. E eu já o fui, outrora. Resultado: ele tirou pedacinhos de mim, a pouco e pouco, sem eu me aperceber; e, quando dei por mim, estava vazia de mim própria e cheia dele.  Agora que me encontrei, de novo, não me vou deixar ir. Não me permito voltar a ser uma idiota.
Eu amo-te e estou vulnerável a ti. Tu sabe-lo e eu também o sei.
E estou assustada porque sei que era capaz de mudar por ti, ser outra pessoa por ti, ser tudo o que tu quiseres que eu seja, ser uma idiota. Porque tu enches-me de mim própria; estou vulnerável mas tu não o usas para me ferir, pelo contrário, fazes-me sentir mais viva que nunca. Tu fazes-me demasiado feliz. E eu tenho medo que, um dia, eu me perca para te satisfazer.
É por isso que eu não quero sentir-me vulnerável, porque sei que tu sabes que podes fazer o que quiseres comigo, eu deixo.
A culpa não é dele, a culpa é minha. A responsabilidade dos meus actos é minha. E peço-te desculpa por teres de carregar com este peso.
Apenas quero que me prometas que nunca me vais lavar de mim própria e que não me deixas perder-me de novo.

Sem comentários:

Enviar um comentário