Fernando Pinto do Amaral - Mais uma noite, amor

Mais uma noite, amor.
Ao recordar-te retomo os fins do mundo, a cinza,
os dias manchados de outras lágrimas.
Sabias como eu a cor das sombras,
essa arte que nos engana agora e se reparte
por esquinas e cafés.
Já não me guias os muitos passos vãos,
as fantasias da minha falsa vida.
Vou deixar-te fugindo-me.
Na chuva, sem ninguém,
apenas alguns vultos,
o que vem
 «e dói não sei porquê» -
este deserto onde te vejo, imagem outra vez,
até de madrugada.
O que me fez sentir o muito longe aqui tão perto?

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