"Nunca sabemos quanto tempo duram, nunca sabemos se corremos riscos ou não, nunca conseguimos estar em paz, no tempo que quisermos, no nosso ritmo, na nossa privacidade, os dois, um para um. Podiam ser diferentes, podiam ter tudo, podiam ter todas as partes a que têm direito. Aqueles momentos. Aqueles momentos. Sabes do que estou a falar, meu querido? Aqueles momentos em que estás em cima de mim e usas a força para me fazer gemer e gritar. Podiam ser perfeitos, sabias? Temos potencialidade para tal, temos sentimentos e intensidade para isso. Mas não são. Ainda. Da forma como são, só deixam a sede do corpo para trás e uma réstia de sentimento de impotência. Por vezes, eu queria que fossem doutra forma. Por vezes, eu não queria só foder contigo. Queria poder controlar o tempo, as pessoas, as nossas vidas, as vontades, as circunstâncias. Não consigo, meu amor. Onde nos encontramos, aqui, no sexo puro e carnal, o tempo não é o nosso, o espaço não é o nosso: esses momentos são assim porque têm de ser assim, materialistas, carnais, animais, esfomeados, agitados. O pouco tempo que temos é a satisfazer o corpo, a ânsia adolescente. Por vezes, eu queria fazer amor contigo, sem pressas, sem medo, sem pensar em nada senão em ti, lentamente mas intensamente. Eu gosto de fazer sexo contigo, limpa-me os pensamentos, exausta-me o corpo, mas sinto que te uso como um objecto e vice-versa, quando é uma pena visto que podíamos fazer amor e sexo ao mesmo tempo. Não há calma, não há nostalgia, não há palavras, não há pensamentos. Não há tempo sequer para pensar. Não há tempo para dizer amo-te porque já vem aí o próximo orgasmo. Não temos tempo nem espaço, meu amor, não temos tempo nem espaço. Prometo que um dia farei amor contigo, com a maior calma do mundo, e não vou gritar nem gemer, vou apenas dizer amo-te."

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